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Jeanne Maria Melo de Matos
Faculdade Leão Sampaio
Odontologia 106.1
Terceira dentição: uma visão geral do seu desenvolvimento
Artigo 3 - gincana
Ficha de resumo
A cárie e a doença periodontal são as duas principais causas da perda dos dentes. Sua perda pode provocar mal-estar físico, psicológico e social. Os aspectos morfológicos e funcionais da dentição são reflexos diretos das características genéticas intrínsecas a cada espécie. Há milênios, o ser humano tenta substituir os dentes perdidos por outros materiais. O avanço nas técnicas de utilização de células-tonco torna possível a possibilidade de substituir tal perda por algo biológico.
O interesse da engenharia tecidual voltada à confecção de dentes/tecidos dentais não se deu ao acaso. Neste nicho de pesquisa, os dentes apresentam duas grandes vantagens sobre os demais órgãos ou tecidos do organismo: são acessíveis e não essenciais para a vida. Por esta e outras razões têm sido largamente utilizados a fim de se aprimorar as diferentes técnicas de engenharia tecidual e de se compreender como ocorrem as interações célula-célula e célula-organismo.
Descobriu-se recentemente que existem diferentes tipos de células-tronco nos diversos tecidos dento-maxilo-faciais, úteis para a reparação tanto dentária como em outros órgãos. Como exemplo pode-se citar as células-tronco da polpa dental de dentes permanentes.
O primeiro passo para que as pesquisas em bioengenharia dental pudessem se iniciar foi entender o processo de desenvolvimento dental in vivo. Assim sendo, sabe-se que os dentes se desenvolvem a partir de uma série de interações recíprocas entre células epiteliais (epitélio bucal) e mesenquimais (ectomesênquima derivado da crista neural) durante a embriogênese. fica claro que o processo de confecção de biodentes se depara com a dificuldade de se reproduzir em laboratório algo que é feito pela natureza de maneira tão harmônica e complexa ao longo do desenvolvimento. Atualmente quatro técnicas são utilizadas e/ou especuladas pelos cientistas para fabricação dos biodentes.
A técnica do uso de moldes biocompativeis constitui na confecção dos moldes dentários, plaquear células provenientes de germes dentais dissociados enzimaticamente. Após alguns dias nota-se a formação de pequenas coroas dentais, com evidente formação de esmalte dentina e polpa dental. Estudos como esses mostram a capacidade que as células epiteliais e mesenquimais têm de se auto-reagregarem e de se diferenciarem mesmo após terem sido extraídas do seu sítio anatômico, serem manipuladas em laboratório e colocadas aleatoriamente sobre moldes pré-fabricados.
A técnica de recombinação tecidual consiste em reproduzir na cavidade bucal de um indivíduo adulto o desenvolvimento dental tal qual ele ocorre durante a embriogênese, ou seja, a partir de uma série de interações recíprocas entre o tecido epitelial e mesenquimal. Com esta finalidade, recombinam-se fontes celulares epiteliais (para dar origem ao esmalte dental) e mesenquimais (para formar a dentina, a polpa dental, o ligamento periodontal e os demais tecidos de suporte) capazes de interagir entre si e resultar no desenvolvimento de um elemento dental.
Técnicas realizadas foram capazes de indicar que o epitélio odontogênico interagiu com as fontes celulares não odontogênicas a ponto de estimular tais células a sintetizar proteínas que normalmente não produziriam, uma vez que se referem somente a dentes. Tal técnica vem sendo aprimorada.
A técnica de recombinação tecidual culminou recentemente no desenvolvimento de um biodente dotado de todos os tecidos dentais e completamente funcional. Um dos principais desafios da técnica de recombinação tecidual ainda consiste em se achar substitutos celulares viáveis, principalmente de origem humana, como fontes celulares alternativas ao epitélio e ao mesênquima de germes dentais em fases iniciais de desenvolvimento.
A construção dental “de novo” visa formar os diferentes tecidos dentais utilizando diferentes populações celulares com especialidades específicas. A idéia é aproveitar o melhor que cada fonte celular pode oferecer de si para for-mar os diferentes tecidos que compõem um dente.
Um exemplo disso seria utilizar células-tronco da papila apical para formar dentina primária (uma vez que é sabido que essa fonte celular possui capacidade inata pra fazer isto) em conjunto com uma outra fonte celular capaz de formar o ligamento periodontal com melhor eficiência, como é o caso das células-tronco extraídas do próprio ligamento periodontal, por exemplo e outras fontes celulares para formar a polpa e o esmalte dental. Assim, cada grupo de células formaria os tecidos que mais lhe são peculiares e, juntas, dariam origem ao biodente.
A indução da terceira dentição baseia no anseio de se descobrir mecanismos biomoleculares capazes de induzir a odontogênese em tecidos adultos. Nesse sentido, explora-se a possibilidade de após descobertos todos os fatores envolvidos no processo de desenvolvimento dental, aplicá-los no local onde se quer que ocorra a formação de um novo dente para que, desta forma, eles induzam a proliferação e a diferenciação das células do local e, conseqüente, formação do biodente.
Os avanços nas pesquisas com células-tronco e engenharia de tecidos aproximam cada vez mais o desenvolvimento de biodentes à prática odontológica clínica. O conhecimento sobre a biologia das células que envolvem a formação de um dente e seus tecidos de suporte bem como as interações que existem entre célula--célula e célula-tecido ainda precisa ser mais bem elucidado, entretanto, o que a ciência foi capaz de desenvolver até o presente momento é, no mínimo, um indicativo de que o desenvolvimento da terceira dentição sinaliza para o futuro da odontologia.
Fichamento feito por Jeanne Matos, aluna do curso de odontologia da Faculdade de ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio.
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