Odonto - Jeanne Matos

Odonto - Jeanne Matos
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

quarta-feira, 25 de maio de 2011


Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v. 4, n. 3, p. 70-75, set./dez. 2009

Jeanne Maria Melo de Matos
Faculdade Leão Sampaio
Odontologia 106.1

Panorama atual do uso de xenoenxertos na prática
Odontológica

Artigo 7 - gincana
Ficha de resumo

             O reparo de perdas ósseas severas é ainda um grande desafio na Medicina Regenerativa moderna, especialmente em cirurgia craniomaxilofacial e ortopédica. A previsibilidade de resultados clínicos com a utilização de substitutos ósseos alógenos, xenógenos e aloplásticos levam a considerar essas opções como válidas para o processo de reparo tecidual, devido a ausência de reabsorção em volume, ao sítio cirúrgico unitário e ao melhor pós-operatório. As aplicações mais comuns dos xenoenxertos em Odontologia são os tratamentos de defeitos periodontais, sítios pós-extração dentária, levantamento de seio maxilar e aumento de rebordo alveolar.
    Os xenoenxertos são predominantemente de origem bovina, mas também podem derivar de suínos ou equinos, sendo sua matéria-prima obtida pelo processamento de ossos longos, tendão, pericárdio, submucosa intestinal ou outros sítios anatômicos. O processamento do xenoenxerto, com tratamento mecânico e químico, via álcalis e solventes orgânicos, para remoção de debris, células e sangue, e ácido clorídrico 0,6M, resultou em osso bovino desmineralizado biocompatível e biodegradável. A temperatura de desproteinização do osso cortical bovino infl uencia na resposta tecidual.
    Dentre as técnicas de avaliação pela norma ISO, destacamse: para parâmetros físicos, a microscopia ultra-estrutural da superfície do material (microscopia eletrônica de varredura - MEV), mensuração de porosidade (BET) e de rugosidade (perfilometria ou microscopia de força atômica) e avaliação tridimensional (microscopia confocal).
    A caracterização físico-química de materiais osteosubstitutos é fundamental, pois parâmetros como cristalinidade, área superficial e composição do biomaterial influenciam o reparo ósseo e sua taxa de degradação após implantação. O controle do processo de produção é determinante para a qualidade dos biomateriais.
    Processamento do osso bovino inadequado pode resultar em materiais citotóxicos, mas a remoção completa de proteínas, debris celulares e lipídios resultam em enxertos inorgânicos na forma granular biocompatíveis. É importante a utilização de controle positivo e negativo a fim de orientar a interpretação dos resultados in vitro, tornando-os relativos a materiais cujos efeitos biológicos sejam muito bem conhecidos e reproduzíveis.
    O enxerto ósseo ideal deve possuir características como biocompatibilidade, capacidade osteocondutora, osteoindutora, resistência e plasticidade29, porém estas propriedades não foram reunidas, ainda, em um único material. A associação de osso cortical inorgânico e colágeno liofi lizado, ambos de origem bovina, pode resultar em um biomaterial biocompatível e não imunogênico.
    Uma vez biocompatível, a resposta tecidual aos diferentes biomateriais, pode exibir propriedades como osteocondução, osteoindução e osteopromoção. Na osteoindução, células progenitoras multipotentes são persuadidas a diferenciarem-se em osteoblastos capazes de produzir osso, tornando-se evidente a diferenciação de células-tronco mesenquimais em osteoblastos maduros na área do defeito. A osteocondução se refere ao crescimento ósseo ordenado sobre a superfície do biomaterial implantado. A osteopromoção refere-se ao princípio de utilizar barreiras mecânicas que evitam a proliferação do tecido conjuntivo adjacente em meio ao defeito ósseo, permitindo que o mesmo seja povoado por células osteoprogenitoras.
    Especificamente no campo da Odontologia, biomateriais podem ser aplicados como enxertos ósseos em cirurgia regenerativas ou corretivas, em procedimentos destinados a restaurar o tecido ósseo perdido durante a doença periodontal ou lesões endodônticas, no preenchimento alveolar de dentes extraídos, com o objetivo de evitar a redução do volume do rebordo alveolar, em levantamento de assoalho do seio maxilar entre outras utilizações.
    Materiais osteosubstitutos originados de ossos de animais adequadamente processados resultam em biomateriais biocompatíveis e parcialmente absorvíveis, favorecendo a regeneração do defeito ósseo. Além disso, a utilização de materiais de origem bovina posiciona o Brasil em lugar de destaque no cenário mundial, uma vez que detém um dos maiores rebanhos de bovinos do mundo.

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