Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.9 no.1 Recife enero/mar. 2010
Jeanne Maria Melo de Matos
Faculdade Leão Sampaio
Odontologia 106.1
Identificação de células-tronco mesenquimais no ligamento periodontal e perspectivas na regeneração periodontal: Revisão de literatura
Artigo 6 - gincana
Ficha de resumo
A regeneração periodontal busca a neoformação do cementoe do osso alveolar, além da nova inserção e reinserção das fibras do ligamento periodontal ao novo cemento e, por conseguinte, à superfície radicular.
Inúmeras técnicas têm sido utilizadas a fim de interromper a progressão da doença periodontal. Entretanto, essas terapias são limitadas pela severidade da doença periodontal bem como pelo tipo de defeito resultante e por fatores locais e sistêmicos, dentre outros. Recentes técnicas de engenharia tecidual, baseadas na biologia de células-tronco ou bioengenharia, têm sido propostas.
As células-tronco têm sido consideradas como um importante artifício para combater múltiplas doenças por notar-se a sua capacidadede autor-renovação e de diferenciação em vários tipos celulares, de acordo com o estímulo recebido.
Há duas categorias de células-tronco: as células-tronco embriononárias pluripotentes e a categoria de células unipotentes ou ultipotentes, denominadas células-tronco adultas, que têm a capacidadede originar tipos celulares específicos.
Na utilização das células-tronco embrionárias pluripotentes, existem desvantagens, como a sua instabilidade genética, a obrigatoriedade de sua transplantação para hospedeiros imunocomprometidos e o risco de formação de teratocarcinomas, além da questão ética, o que impede sua utilização. Já as células-tronco adultas apresentam a vantagem de serem autogênicas, não incorrendo em limitações morais e responsivas aos fatores de crescimento inerentes ao hospedeiro.
As células-tronco adultas podem ser expandidas com alta eficiência e induzidas a se diferenciarem em múltiplas linhagens em condições de cultura definidas.
Recentemente inúmeros estudos têm isolado células mesenquimais indiferenciadas, derivadas dos tecidos orais, incluindo a polpa dentária e o ligamento periodontal.
O conceito de que as células mesenquimais indiferenciadas podem estar presentes no ligamento periodontal foi inicialmente proposto por Melcher19 em 1976, o qual observou que estas células presentes no ligamento periodontal eram capazes de formar fibroblastos, cementoblastos e osteoblastos. A partir de então, a capacidade regeneradora das células do ligamento periodontal tem sido pesquisada através de vários estudos.
Considerando que as células do ligamento periodontal são muito importantes para o processo de regeneração dos tecidos periodontais devido à sua localização e às suas propriedades de células indiferenciadas, e que a interleucina-11 (I-11) é uma citocina multifuncional que participa ativamente do metabolismo ósseo, Leon et al. realizaram um estudo para examinar o efeito da I-11 na diferenciação osteoblástica das células do ligamento periodontal de humanos. Os autores concluíram quea interleucina-11 e/ou o ácido ascórbico induzem à diferenciação osteoblástica das células do ligamento periodontal através da produção de colágeno tipo 1. Os resultados também sugerem que a I-11 pode funcionar como uma citocina osteopromotora, estimulando a diferenciação osteoblástica das células do ligamento periodontal principalmente através da síntese de colágeno tipo 1 e possivelmente pela induçãodo fator inibidor da metaloproteinase-1.
Inanç, Elçin e Elçin investigaram o potencial de diferenciaçãode células-tronco embrionárias humanas (hESCs),quando co-cultivadas com fibroblastos do ligamento periodontal humano (hPDLF). Os autores concluíram que avanços neste campo podem permitir a aplicação das hESCs na engenharia tecidual periodontal, envolvendo regeneração óssea em áreas de destruição, decorrente da doença periodontal.
Células-tronco adultas multipotentes têm sido isoladas de vários tecidos não neurais. Techawattanawisal et al. relataram, pela primeira vez, o isolamento de células mesenquimais indiferenciadas, derivadas do ligamento periodontal com características de células-tronco neurais primitivas. O resultado de todos os testes realizados mostrou que, o que sugere que o ligamento periodontal pode ser uma nova fonte de células-tronco adultas multipotentes, e estas, por sua vez, podem ser usadas no tratamento de várias doenças, incluindo as neuro-degenerativas e adistrofia muscular.
Zhou et al. investigaram a diferença dos marcadores de superfície celular em diferentes células periodontais, tais como: osteoblastos alveolares (AOs), fibroblastos do ligamento peridontal (PDLFs) e fibroblastos gengivais (GFs),e os seus potenciais de diferenciação em fenótipos osteogênicose adipogênicos. Através deste experimento, pôde-se concluir que as células do osso alveolar e do ligamento periodontal possuem progenitoras osteogênicase adipogênicas, indicando a possibilidade de sua aplicação para regeneração dos tecidos periodontais.
Percebe-se que o ligamento periodontal pode ser uma fonte autógena fácil e eficiente de células mesenquimais indiferenciadas, com capacidade de expansão e habilidade de diferenciação em células fibroblásticas, cementoblásticas e osteoblásticas.
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